A Diabetes é um transtorno geral do metabolismo que se manifesta por um aumento anormal da glicose no sangue -hiperglicémia- da qual podem resultar complicações agudas e crónicas , caso não haja compensação adequada. A chamada hiperglicemia é devida à falta de segregação de insulina ou à resistência a essa hormona. A libertação da insulina, o organismo cria anticorpos que lhe impedem a realização da sua função. Resultam dois tipos de diabetes: A diabetes tipo I ( insulino-dependente) e a diabetes tipo II (não insulino-dependente).
A Diabetes tipo I aparece na infância e adolescência e a tipo II habitualmente aparece a partir dos 45 anos.
O pé diabético reúne três factores que podem apresentar-se em conjunto ou separadmente : angiopatia, neuropatia e infecções. Quando somadas estas três características o paciente deve ser tratado, em especial, pelo médico, e este com certeza irá trabalhar em conjunto com outras áreas da saúde, inclusive a podologia. Quando apenas uma das características se apresentar no pé diabético, é importante analisar se as demais coexistem em menor grau, podendo tornar-se críticas no futuro, em especial, se o paciente não procurar atendimento podológico e médico.
Os problemas vasculares são mais comuns no pé diabético dividindo-se em Macroangiopatias ( artérias de médio e grande calibre) e microangiopatias ( artérias de pequeno calibre) como capilares e arteríolas.
Os problemas circulatórios oriundos do diabetes constituem uma das maiores causas da mortalidade. Grande parte dos pacientes diabéticos de longa data é portadora de angiopatias de macro e microcirculação.
A neuropatia apresenta-se pela diminuição da sensibilidade ao calor e à dor. Deixando assim os pés mais vulneráveis aos ferimentos e incómodos não sentidos. Quando a neuropatia diabetogênica se apresenta isolada das angiopatias, os ferimentos são mais facilmente cicatrizados e combatem-se melhor as infecções, pois a chegada de nutrientes e anticorpos pela corrente sanguínea é mais eficiente. Em contrapartida , quando aliada aos problemas circulatórios , à circulação e ao combate a infecções deficientes aumenta a dificuldade de se tratar esse tipo de paciente, por esse motivo o número de amputações e a taxa de mortalidade sobem.
A infecção é o terceiro factor que pode aparecer isolado , mas , na maior parte dos casos , surge relacionada a outros dois factores : angiopatia e neuropatia. A infecção descontrola o diabetes, e a descompensação da glicemia deixa o indivíduo mais propenso à infecção. Isso mostra que é preocupante uma lesão em pé diabético, posto que é de difícil recuperação, principalmente quando é aliada a problemas circulatórios.
Os principais factores de risco são o tempo de permanência do diabetes na pessoa, incluído o período de desconhecimento da existência desta patologia ; ingestão de bebidas alcóolicas ; tabagismo; alimentação inadequada; falta de prática desportivas; falta de consultas de um médico ou podologista para a prevenção e cuidado das atenções primárias; corte inadequado das unhas efectuado pelo próprio utente; uso de calçado apertado ou com costuras internas; obesidade; úlceras nos membros inferiores, etc.
Tratamento: Tudo o que foi abordado anteriormente deve ser observado pelo podologista no seu tratamento com o paciente de risco, sem esquecer o tratamento multidisciplinar.
O objectivo do podologista no tratamento do pé diabético é reduzir as incidências de problemas graves de infecção, ulceração, gangrena e perda de membros inferiores , dando ao paciente diabético informações e condições de conviver pacificamente com a diabetes.
Investigar os sintomas e os aspectos clínicos que sugerem diabetes é de suma importância para o tratamento podológico. Devem ser ivestigados casos de dor, ardor, formigueiros, parestesias, pé frio ou quente, pele seca , deformações, dedos em garra, dedos em martelo, calosidades na região plantar, ausência de reflexos e perda de sensibilidade.
CONCLUSÂO:
O impacto da diabetes e as complicações que podem ocorrer nos pés de pessoas diabéticas, cujo conjunto leva o nome de “ pé diabético” são atenuados com o controle e prevenção de patologias secundárias como úlceras e mal perfurante plantar.
A expressão “pé diabético” é discutível, porque pressupõe que o pé seja diabético sem levar em conta o indivíduo como um todo. É usada para definir um estado mórbido, ou seja, uma síndrome , pois agrega diversos problemas sistémicos, quais sejam: hiperglicemia, neuropatia, vasculopatia, alterações osteoarticulares, musculares e de pele, podendo se associar a infecções oportunistas. O pé diabético, em suma, é aquele que agrega no seu conjunto alterações anatómicas.
A prevenção é o que o podologista melhor pode fazer, investigando o histórico, o exame físico, o tratamento à unha encravada ou com micose, a remoção dos calos e hiperqueratoses, a hidratação, o uso de prótese nos dedos e palmilhas por medida e a ajuda ao paciente e à família com os cuidados principais em casa. Contudo, em muitos casos, é preciso tratar infecções já instaladas, como uma úlcera por pressão; ou seja feridas com infecção já existentes.
O paciente diabético tem que ter a preocupação em tratar muito bem os pés. È preciso ter em atenção o cuidado diário tais como : hidratar bem a pele, visualizar com um espelho se existe alguma ferida, não usar sacos de água quente, não usar calicida nem objectos cortantes, usar sempre meias de algodão e de preferência brancas de modo a visualizar melhor a existência de algum tipo de ferida ou infecção após a sua retirada.
É muito importante ter sempre em atenção a prevenção de feridas e no caso da existência delas consultar de imediato um podologista, o seu médico ou um enfermeiro .
Uma ferida num pé diabético pode ter ou não dor, dependendo se é isquémica ( com dor) ou neuropática ( sem dor).
A Podologia é uma área da saúde que ajuda o diabético na prevenção e tratamento das patologias do pé diabético tais como: calosidade, calcanhares gretados, dedos em garra, unhas encravadas , unhas com micose, joanetes, feridas . além do tratamento local também se faz palmilhas por medida de modo a evitar futuros calos e feridas nas zonas de pressão do pé.
Se é diabético, previna-se!
È um conselho da Podologista, para o seu bem estar !
Podologiasta – Dra. Sandrina Fortunato